domingo, 7 de agosto de 2011

A RUA ONZE

Trilhos e caminhos suaves são brutalmente trocados por verdadeiros degraus onde a enxurrada das impiedosas chuvas é a moderna engenheira.
Se houve encanto não saberei dizer, mas ouviam-se cantos vindo de lugares que não eram misteriosos, mas que em muitos metiam medo.
O tempo não foi mais forte que o vento, mas fazer esquecer seria tentar realizar o impossível.
Ouve-se do vácuo incorrigível dos sons, que outrora poderiam ser ruídos, um choro sem lágrimas.
Encontram-se na falta dos suaves caminhos e além das esculturas naturais, ossos sendo corroídos. Ossos que não são do ofício e nem do barão, mas que, sem dúvida, poderiam ser de um amigo fiel.
O que foi um sonhado progresso, hoje se realiza sem progresso, e o sonho, um sonho frustrado. Lamentar que ontem sonhamos alto demais é desistir de sonhar por um ideal hoje.
Mentiras foram prometidas através das cortinas de água e poeira, enquanto a verdade se estampava e caminhava na frente dos enganados que se imaginavam espertos.
Invisível não era, pois estava ali e desfilava com um sorriso de vitória fácil.
Morrer ainda não morreu, continua ali resistindo. Sobreviver é preciso, já ouvi esta frase antes, e mais ainda progredir. Parou. O tempo não parou, mas ela sim. Algum dia alguém perguntará por que ela é tão medieval.
          O que houve com a Rua Onze?
Onde estão os seus frequentadores indecentes e depois decentes, que eram diferentes e hoje mostram os mesmos semblantes tristes e caminham cabisbaixos?

Crônica Publicada nos Livros:
A Semente Caiu em Terra Fértil – Unemat- 1994
A Morte do Xerife - 2008

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